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sábado, 3 de julho de 2010

Carta de Nilzete Brito dos Santos à equipe de redação do jornal O Relato








Carta de Nilzete Brito dos Santos à equipe de redação do jornal O Relato



Aos 10 anos comecei a ficar paralítica devido a uma paralisia parcial nos braços e pernas e aos poucos fui perdendo os movimentos...
Hoje sou totalmente dependente das outras pessoas para tudo. Já fiz todos os tratamentos mas não tive resultado. Só Deus pode me curar dessa paralisia. Com tudo isso sempre fui uma pessoa criativa. Sempre tive facilidade de aprender. Só estudei até a 3ª serie. Sempre estudava, escrevia e lia em casa...
Nunca me desanimei. Encontrei apoio na minha família e também em uma prima que me dei a maior força pra tudo e os amigos que são muitos. Sou muito querida por todos.
Hoje passo o dia só sentada na cama, às vezes saio de cadeira de roda. Aprendi desde 10 anos a fazer crochê, faço bordado, ponto cruz. Foi a melhor coisa que aprendi passo todo tempo com a mente ocupada, é bom demais esquecer de tudo e não ver o tempo passar. Faço coxa, toalha de mesa, caminho de mesa, jogo para cozinha panos de fogão, geladeira, liquidificador e muito mais...
Enquanto vou fazendo meus trabalhos vou ouvindo a Nacional da Amazônia de Brazilia, DF, ondas curtas de 25 e 49 metros. Tive um sonho que realizou depois de mais 10 anos de espera, ganhei uma foto dos locutores dessa radio que escuto a mais de 20 anos.
Através dessa radio fiz muitos amigos de correspondência, pegava o endereço e anotava e escrevia a primeira carta que escrevi foi no ano de 1995 para uma garota chamada Rozângela até hoje a gente se corresponde... ela já se casou e tem 2 filhos.
Escrevo para mais de 20 pessoas; moças, rapazes, senhoras casadas, pessoas portadoras de deficiência como Amália de Tremendal. Trocamos idéias nas cartas, comentamos sobre o que fazemos, que gostamos ou não gostamos, os problemas que passamos e pedimos opinião um para os outros.
Escrevo também para presidiários. Numa madrugada estava ouvindo o radio e decorei o nome e endereço de um rapaz que está preso em São Paulo, escrevi pra ele durante 3 anos...
Apesar disso, sou uma pessoa tranqüila, não me aborreço de ficar parada, já me acostumei, gosto tanto de conhecer as pessoas e muitas delas vem me visitar a fim de me conhecer.
Penso que cada pessoa tem um dom para uma coisa diferente e interessante. Sempre aprendo algo novo com cada pessoa, com o exemplo de vida de cada um. Deus me deu o dom de aprender e receber todas as bênçãos das coisas boas.

Nilzete Brito dos Santos
Obs: texto conforme o original

















Você já imaginou que, por uma deficiência física, não pudesse fazer tudo que queria? Ou, se mesmo assim, conseguisse dar a volta por cima, e dar uma grande lição de vida pra muita gente?

Nilzete Brito dos Santos, de 35 anos, filha de Jesuíno Neves dos Santos (Seu Bidú) e Alaíde Brito dos Santos, residentes na fazenda Mirante fez e faz isto todos os dias.

Ela é uma extraordinária figura de nossa terra que, apesar de ter uma paralisia que a impossibilita de andar e movimentar os braços e as mãos. Vive feliz e faz coisas maravilhosas.

Nilzete aos dez anos começou a sentir se fraca para andar devido a uma paralisia parcial que com o tempo paralisou totalmente suas pernas e braços. Isso ocorreu quando ainda estudava a terceira serie. Ela teve duas professoras: Odenir lima do Mirante e Clemência Neves do Lamaraõ.

Por conta desse problema tem ficado em casa o tempo todo e começou a ouvir rádio, despertando assim uma paixão pelo rádio presente até hoje. A primeira rádio que ela ouviu foi a rádio nacional da amazônia na cidade de Brasília a qual escuta até hoje. Sintoniza também a rádio Record de São Paulo, Radio Globo do Rio, dentre outras. Através das rádios, as pessoas mandavam músicas para os amigos e Nilzete de repente pensou em anotar os endereços e iniciou sua rede de amigos via carta. “a primeira carta que escrevi foi para Rosângela de Rondônia em 1985 e ela sempre me corresponde até hoje. A gente troca fotos, eu tenho fotos dela, ela tem fotos minhas.” Explica. Nas cartas ocorre uma troca profunda de informações. Pois os interlocutores, ao escreverem, falam de suas vidas, seus problemas, a família, o que fazem o que gostam de fazer, desabafam etc. ouve amizade até com três presidiários em São Paulo:”teve um presidiário que eu decorei o endereço dele pelo rádio e escrevi para ele três anos, depois ele foi transferido do presídio e eu perdi o contato.” Diz ela. Mostrando assim, o valor e a importância da amizade, mesmo assim.


Essa moça é possuidora de talentos que nos surpreende. Faz crochê e bordado, são suas atividades prediletas, alem de escrever cartas. A cama de nilzete ficou pequena para tantos bordados e crochês: panos de folgao, pra geladeira, mesa, liquidificador, botijão, das mais variadas cores e modelos. Ela também recebe encomendas para a confecção de coxas de crochê para cama e toalhas de mesa e de crochê.

Mesmo durante a entrevista, esta jovem não parou, produzia seus crochês o tempo todo. A comunicação dela, de sua família e nossa equipe deu-se de maneira prazerosa. Nilzete é muito comunicativa, sorridente, lutadora, alegre e tem excelente memória.

Jornalorelato@hotmail.com
(77)8135-7089/81297754/81357113

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