João Alvarez/UOL
Eleito, ACM Neto vai comandar a terceira cidade com
maior número de eleitores do país, 1,9 milhão
O
carlismo está de volta ao poder em Salvador. ACM Neto (DEM) venceu o segundo turno e
foi eleito prefeito da capital baiana neste domingo (28), derrotando o
candidato do PT, Nelson Pelegrino.
Apuração ao vivo
98,96% das urnas apuradas
1º
ACM Neto
DEME
53,64%
712.171 votos
2º
Pelegrino
PT
46,36%
615.470 votos
Com o
resultado, Salvador passa a ser a maior capital do país governada pelo DEM,
partido que perdeu força nas urnas em 2012, e viu o número de prefeituras cair
de 496, em 2008, para 276, nestas eleições (sem considerar as cidades onde teve
segundo turno).
Salvador
é a terceira cidade com maior número de eleitores do país, 1,9 milhão. Além da capital
baiana, o partido foi eleito em Aracaju, com João Alves (DEM).
A vitória
também dá força ao DEM na Bahia, onde, além da capital, o partido venceu em
Feira de Santana, segundo maior município do Estado, a 108 Km de Salvador. As
duas cidades possuem juntas 22% do eleitorado baiano.
Carlismo de volta
O
candidato do DEM é neto do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (DEM), o ACM,
morto em 2007. ACM foi prefeito de Salvador, em 1976, e governador do Estado
por três mandatos.
A eleição
de Wagner, em 2006, pôs fim a um ciclo de quatro mandatos de governadores
ligados ao grupo político do ex-senador. Na prefeitura de Salvador, o último
prefeito ligado a ACM, o avô, foi Antônio Imbassahy, que governou de 1997 a
2004.
A eleição
de ACM Neto levou analistas a enxergaram o retorno ao poder do “carlismo”,
substantivo que extrai sua força do segundo nome e estilo político do
ex-senador ACM.
O
candidato, por sua vez, rende homenagens ao avô, mas rejeita a associação ao
termo. "Esses rótulos que a imprensa dá são todos inadequados. Todo mundo
sabe do orgulho enorme que tenho do senador Antonio Carlos. Agora, não há que
se falar em reedição do que quer que seja", afirmou ACM Neto, em entrevista ao
jornal "Folha de S.Paulo" publicada no último domingo (21).
Perfil do eleito
Nome: Antonio
Carlos Peixoto Magalhães Neto
Partido: DEM
Nascimento: 26/1/1979
Município de nascimento: Salvador (BA)
Ocupação: Deputado federal
Vice: Célia Sacramento (PV)
Coligação: É hora de defender Salvador (PTN / PPS / DEM / PV / PSDB)
Partido: DEM
Nascimento: 26/1/1979
Município de nascimento: Salvador (BA)
Ocupação: Deputado federal
Vice: Célia Sacramento (PV)
Coligação: É hora de defender Salvador (PTN / PPS / DEM / PV / PSDB)
Logo após
perder o governo do Estado, em 2006, sua maior derrota política, o senador ACM
chegou a profetizar o retorno de seu grupo ao poder: "Vocês verão a volta
triunfal do carlismo na Bahia. O carlismo é uma legenda que não se apaga,
queiram ou não os cronistas políticos", afirmou à época.
Nas últimas quatro eleições, o DEM impôs derrotas ao PT. Em 1994, Antônio Imbassahy (PFL) foi eleito com 51,6% dos votos válidos, contra 29,9% de Pelegrino. Em 2000, Imbassahy foi reeleito, com 53,7%, e Pelegrino terminou com 35,3%.
Nas últimas quatro eleições, o DEM impôs derrotas ao PT. Em 1994, Antônio Imbassahy (PFL) foi eleito com 51,6% dos votos válidos, contra 29,9% de Pelegrino. Em 2000, Imbassahy foi reeleito, com 53,7%, e Pelegrino terminou com 35,3%.
Em 2004,
o petista não conseguiu passar ao segundo turno, por uma diferença de 3.157
votos para César Borges (PFL). Naquele ano, Borges terminou perdendo para o
atual prefeito, João Henrique (hoje no PP, à época no PDT).
Na última
eleição municipal, em 2008, o PT lançou o hoje senador Walter Pinheiro, que foi
derrotado no segundo turno pelo atual prefeito João Henrique (PP), que
conseguiu a reeleição. Em 2008, ACM Neto se lançou candidato, mas não ficou com
26% dos votos válidos e não conseguiu passar ao segundo turno.
Disputa acirrada
Salvador
teve uma das disputas mais acirradas entre as capitais. ACM Neto e Pelegrino
passaram ao segundo turno com uma diferença de apenas 5.626 votos, e
polarizaram a campanha em torno de críticas ao legado de cada grupo político no
Estado.
O embate
dividiu até mesmo a famosa dupla tropicalista: enquanto Caetano Veloso disse
preferir ACM Neto, Gilberto Gil anunciou apoio a Pelegrino.
De
partido de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) e ao governador
da Bahia, Jaques Wagner (PT), ACM Neto centrou sua campanha na ideia de que o
prefeito de Salvador não necessitaria do apadrinhamento político do PT para
fazer uma boa gestão.
“A cidade
pode andar com suas próprias pernas”, foi um mote repetido pelo democrata
durante a campanha, uma espécie de antídoto contra a propaganda de Pelegrino,
que propagava ser o candidato petista “do time de Wagner, Lula e Dilma”.
Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participaram de comícios em Salvador e gravaram depoimentos para a propaganda de Pelegrino.
Apesar de historicamente DEM e PT militarem em campos opostos na política do Estado, ACM Neto afirmou que pretende manter um diálogo com o governador Jaques Wagner para pautar a execução de projetos na capital.
Mesmo assim, ACM Neto fez das críticas ao governo do Estado uma das principais armas de campanha contra o candidato do PT, focando em temas como a segurança pública e a greve dos professores, que durou 115 dias e terminou há dois meses.
Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participaram de comícios em Salvador e gravaram depoimentos para a propaganda de Pelegrino.
Apesar de historicamente DEM e PT militarem em campos opostos na política do Estado, ACM Neto afirmou que pretende manter um diálogo com o governador Jaques Wagner para pautar a execução de projetos na capital.
Mesmo assim, ACM Neto fez das críticas ao governo do Estado uma das principais armas de campanha contra o candidato do PT, focando em temas como a segurança pública e a greve dos professores, que durou 115 dias e terminou há dois meses.
No front
petista, os ataques foram direcionados à ação judicial movida pelo DEM, no STF
(Supremo Tribunal Federal), contra as cotas raciais nas universidades públicas,
tema caro à população de Salvador, capital mais negra do país, com 79,47% de
“pretos” e “pardos” segundo o último censo do IBGE, de 2010.
LEIA MAIS
- Conheça as propostas de ACM Neto para 23 problemas da cidade
- Coligação de ACM Neto elege 14 vereadores; veja a composição da Câmara de Salvador
Os
ataques do PT levaram o democrata a acionar a Justiça Eleitoral e a usar parte
do seu tempo de TV para fazer sua defesa. Ao contrário da posição nacional do
partido, ACM Neto afirma que
sempre defendeu a implantação de cotas raciais nas universidades.
A
campanha do PT também exibiu um vídeo, no qual, em 2003, ACM Neto ameaçava “dar
uma surra” no então presidente Lula. Deputado federal, o democrata fez a
afirmação da tribuna da Câmara dos Deputados, à época da CPI dos Correios.
O
resultado do primeiro turno, que deu vantagem ao
petista em bairros da periferia -- enquanto ACM Neto venceu na classe média --
também levou a campanha do DEM a reforçar a ideia da
ampliação do cadastro do Bolsa Família, que se tornou uma de suas propostas mais repetidas
em debates e no horário eleitoral durante o segundo turno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente!