por José
Marques
A
ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ex-corregedora do Conselho
Nacional (CNJ) Eliana Calmon afirmou que “vai levar algum tempo” até o Poder
Judiciário baiano ajustar as suas deficiências. “Eu posso comentar o assunto
muito à vontade porque detectei diversos problemas, tentei resolver alguns, mas
a Bahia tem uma cultura muito arraigada de magistrados que querem manter o status
quo. É tão arraigada que é difícil a penetração da Corregedoria [do
Conselho Nacional de Justiça], do STJ”, descreveu, em entrevista ao jornalista
Samuel Celestino no programa Bahia Notícias no Ar, da Rede Tudo FM 102.5.
Segundo ela, há uma “parelha” entre os três poderes e o Ministério Público
Estadual que dificulta a fiscalização. “Não tem quem efetivamente fiscalize a
situação. A fiscalização é muito branda”, avaliou. Para a ministra, “não há
interesse na mudança” e é necessário que os magistrados sejam substituídos por
profissionais “adequados à situação brasileira e à Constituição de 1988”. Ela
também considerou o julgamento da Ação Penal 470, o processo do mensalão, pelo
Supremo Tribunal Federal (STF) como “um divisor de águas”, independentemente do
resultado, por trazer a “compreensão dos fatos ao povo brasileiro”. “É
importante a população entender o que o Poder Judiciário faz. Ficamos devendo
muito tempo em termos de entendimento, palavras, expressões, finalização de uma
demanda. (...) A linguagem mudou, as expressões mudaram, o diálogo entre os
ministros se deu de uma forma direta. Pôde-se acompanhar o julgamento como se
fosse uma novela da Globo, porque estava se entendendo o que era julgado”,
comparou. Na Bahia, porém, de acordo com ela, não há interesse na
transformação, o que "ficou claro" em reunião promovida por ela entre
os diretores das academias de magistraturas do país. Ela é diretora-geral da
Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam). “Todos os
diretores das escolas do Brasil estavam presentes e da Bahia mandaram apenas um
funcionário. Falta interesse de mudança. [Para a Justiça baiana] O Judiciário
está bom e vamos continuar assim. Isso me deixa muito triste”, lamentou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente!